
Ao me receber no seu bar com as bandeiras dos países por onde passa, vai me contando, tranquila, entre biscoitinhos, episódios hilários e acontecimentos solenes da sua vida.
A noite clareava na praia da Boa Viagem: a presidenta da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória (Assobrafir), sua secretária e alguns sócios precisam retornar ao hotel para a reunião do congresso em Recife. Não há táxi ou ônibus. Muito menos Uber.
– “Ô moço, quanto cobra um frete até Piedade?”
Problema resolvido, a kombi leva o grupo animado. E a presidenta (adivinha quem?) no banco da frente, risonha por ter resolvido a questão.
– “Adoooro kombi, meu pai tinha uma que enchia de pães pra entregar toda madrugada nos restaurantes, postos de gasolina…”
Esse jeito despachado de empreendedora Jocimar carrega desde os oito anos quando em cima do banquinho ajudava no caixa da padaria da família. Sempre quis ganhar o mundo. De Rio Casca para Ponte Nova, para BH, para a Alemanha.
– “Estou eu na salinha do CTI do Gavazza quando recebo no meu notebook… tô lendo certo?” Seu artigo fora selecionado para o Congresso da European Respiratory Society (ERS) e faria parte do prêmio concedido aos quinze melhores estudos do mundo. Lá se vai para Munique a pesquisadora Jocimar com o marido, Rovilson Lara, e o filho primogênito na barriga.

Tempos depois, a presidenta Jocimar assina com a mesma ERS alemã um contrato de convênio com a Assobrafir. Até então, a presidência era ocupada por fisioterapeutas do eixo Rio-São Paulo. A mineira do interior faz bonito. Fecha parcerias internacionais e destaca o fisioterapeuta do Brasil no exterior.Para a empreitada de quatro anos, Jocimar melhora seu “inglês tupiniquim”, imersa por três meses em Nova Iorque.
– “Não pode botar isso aí, vão dizer que sou metida”, me pede após contar seus feitos em prol da fisioterapia brasileira. Nada de metideza. Jocimar não se acha superior a ninguém, apenas é consciente das suas conquistas e dos seus atributos poderosos.
– “A gente tem que pôr nossas características boas mais fortes ainda.” Adepta de processos de autodesenvolvimento, a mãe Jocimar incentiva o lado comunicativo do filho João e o traço de liderança da filha Jade: “Eles são sen-sa-cio-nais!”
Era junto dos filhos, da sobrinha e do marido (“sempre muito companheiro, Rovilson é sábio e sereno”) que a Jocimar, coordenadora de todo o serviço de fisioterapia respiratória e atendimento da Covid, aliviava a tensão da pandemia.
– “Vocês não têm noção como foi! Não acredito na hora em que o povo começa a detonar a vacina. Ela chegou, pããã (empurrando a mão para baixo), estatístico. Mas, assim… tudo é aprendizado.”
Jocimar encara a vida positivamente (“tudo conspira a favor da gente, absolutamente tudo”). Até na Covid, ela deu um jeito de empreender. Espírita do Grupo da Fraternidade Irmão Fritz, resolveu o problema da paralisação da “Campanha do Quilo” criando o canal de vendas “eudivoparaobem”. Após vários bazares, agora ela estuda outra tática digital.
Estudar, se comunicar, trabalhar, se divertir… muitas são as ações da fisioterapeuta, mãe, coordenadora de curso na graduação e da fisiorrespiratória no CTI… Inovar é o verbo que melhor a define.
Antenada sempre com o futuro, Jocimar vem lançando serviços de sucesso em Ponte Nova, Viçosa, Belo Horizonte e quiçá no mundo. Tudo isso entre um encontro e outro com os amigos (“adoro casa cheia”), viagens (“agora é o sudeste asiático”), esportes (“qualquer um que aparecer”).
Intensa, algumas amigas a chamam de Katrina, o furacão. Não do tipo que passa por cima (“com jeitinho a gente consegue, cada espaço tem uma estratégia”), realmente Jocimar arrasa.